
Micael Borges lembra que quando a versão mexicana de Rebelde  estourou, suas primas só falavam disso. "Elas curtiam demais e eu não  entendia por que elas ficavam loucas com aquilo... Só falavam do tal do  Poncho!", conta. Ironicamente, Micael agora encara o papel que foi de,  veja só, Poncho Herrera. "Quando souberam, minhas primas surtaram!",  diverte-se o ator de 22 anos, que fará Pedro.
Pé no chão, Micael não se importa com o assédio que o persegue desde Malhação  (2009) e que agora promete ser ainda maior. "Essa coisa do glamour não  faz parte da minha vida. Está todo mundo me entrevistando,  fotografando... Mas daqui a pouco eu estou ali no Vidigal, andando de  moto, sem camisa, de chinelo, entende? Tem gente que pensa que não sou  humano, que não boto lixo na rua", conta e ri: "Quero ver paparazzi ir  lá me fotografar na laje empinando pipa!"
Apesar do jeito desencanado, Micael carrega uma consciência social que vem de berço. "Faço parte do Nós do Morro (projeto social de cunho artístico)  e temos uma ideologia: somos multiplicadores. Aprendemos, amadurecemos e  passamos adiante", diz ele, que dá aula de teatro para crianças de 7 a 9  anos. "A gente leva arte para quem não tem acesso. Eles nos veem e tem  esperança: 'ei, tem uma outra opção para mim!' Damos chance para que  aquela criança não seja só mais uma encantada pela arma, pelo tráfico,  como aconteceu com muitos amigos."
Você é perseverante como o Pedro?
Muito:  temos atitude, não ligamos pra futilidades... Sou só mais brincalhão.  Pedro se fecha no mundo dele para tentar descobrir o que aconteceu com o  pai, que se suicidou. Ele era rico e, de uma hora para outra, perdeu  tudo, mudou para o subúrbio, é bolsista na escola que antes podia  pagar... Ele não entende o que aconteceu com a vida dele.
 Você tinha um plano B, caso não desse certo como ator?
Poderia  estar estudando ou trabalhando como entregador... Comecei no Nós do  Morro com 6 anos e me apaixonei assim que pisei no palco. Meu primeiro  filme foi Cidade de Deus, aos 8. Vi que era isso que queria,  mas como tudo é muito difícil, eu tinha na cabeça que precisava de uma  segunda opção e me encontrei na música. Agora uniu tudo.
Para você é muito importante continuar vivendo no Vidigal?
Sou feliz lá e não pretendo sair. Tenho uma ligação muito forte com a comunidade.
Você mora sozinho há muito tempo?
Desde os 18 anos. Sempre fui independente. Desde o meu primeiro trabalho (na peça infantil É  Proibido Brincar), quando ganhei R$ 200, dei uma parte pra minha mãe e  gastei o resto. Comecei a ter o gosto de poder comprar as minhas coisas.  Saí de casa também por causa de namorada. Namoro há seis anos, quero  casar, ser pai... Sou novo, mas tenho vontade de criar uma família. Vejo  meus pais juntos e prezo muito.
Se Rebelde estourar, acha que alguém vai pirar pelo caminho?
Não  me preocupo com nosso grupo. Posso me enganar, mas somos pé no chão.  Tem gente que pensa que não sou humano, que não boto lixo na rua! Eu  varro a casa, cozinho... tudo normal!
Lida bem com os fãs?
Acho  burro quem trata mal o fã ou o colega de trabalho. Já aconteceu comigo.  Nas raras vezes em que fui falar com dois dos meus ídolos, fui  maltratado. Depois, trabalhei com essas pessoas. Está vendo? É burrice!  Amanhã, podemos estar lado a lado.


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